terça-feira, 27 de abril de 2010

Letras miúdas

Uma coisa que me irrita nas ditas "promoções" são as cláusulas de exclusão. São aquelas letrinhas miúdas que dizem "Promoção válida entre as 23h e 23h59 nos dias primos de lua cheia" que você só vai descobrir quando chegar no balcão.

Aconteceu comigo duas vezes no Giraffas com a promoção "Surpreenda Mastercard": da primeira vez, não vi que a promoção só era válida apenas após as 14h e fui com um amigo comprar um lanche na hora do almoço. Outro dia, liguei para o serviço de entregas deles e me informaram que somente aceitavam o voucher no balcão.

Fiquei me sentindo, com o perdão da palavra, um otário. Otário por achar que a rede fazia a promoção de boa-fé, e não que era um tipo de propaganda barata para ver a marca aparecer no site da Mastercard.

Mandei um email para o SAC deles e obtive a seguinte resposta:

"Agradecemos o seu contato com o Giraffas.
Pedimos desculpas pelos trastornos, porém consta a informação no site que a promoção não é aceita para o Giraffone.
Acreditamos que os clientes do Giraffas são o maior bem que a empresa possui e buscamos constantemente formas para melhor atendê-los."

No site realmente consta que a promoção não é aceita pelo Giraffone. Consta.

Atualização em 28/5: Recebi hoje o email de resposta do Giraffas:
Flávio Armony
Agradecemos o seu contato com o Giraffas.
Pedimos desculpas pelo ocorrido. Informamos que iremos estudar as suas sugestões para nossas próximas campanhas de marketing.
Acreditamos que os clientes do Giraffas são o maior bem que a empresa possui e buscamos constantemente formas para melhor atendê-los.
Atenciosamente,
SAG-Serviço de Atendimento Giraffas

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A gripe suína da economia europeia

Os PIIGS representam, de fato, uma ameaça à economia da União Europeia. A nova doença dos porcos diz respeito à frágil economia de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, detentores das iniciais de mais uma sigla irônica na geopolítica e economia mundial (a lembrar: MAD – Mutual Assured Destruction, da Guerra Fria – e Nafta – North American Free Trade Agreement – o tratado de livre comércio da América do Norte), cuja economia passou a ser suportada pelos grandes europeus em nome da estabilidade do euro.

Para que a União Europeia funcionasse como desejado, era preciso que estes países se desenvolvessem o suficiente para não precisarem mais da ajuda de seus co-irmãos. Isso não aconteceu e, após a crise de 2008, a situação da maioria desses países se deteriorou. A bola da vez é a Grécia, país pouco industrializado e de baixa produtividade agrícola cuja maior parte do Produto Interno Bruto (75%) advém do setor de serviços. Seu déficit público, que seria tolerado até 3% pelo Banco Central Europeu, chegou a 12% do PIB e sua dívida ultrapassou a casa de €300 bilhões, o equivalente a 113% do PIB. Desde 2000, o saldo de sua balança comercial vem acumulando déficits crescentes.

Qual é a receita para sanar sua economia? A velha fórmula que combina corte de gastos com aumento de impostos. Essas medidas, que já deram errado aqui na América do Sul, não farão diferença alguma em termos estruturais; no máximo darão fôlego para os contribuintes alemães gastarem menos com seus vizinhos gregos por um tempo. Ou seja, podemos esperar que a crise se agrave em breve.


Para piorar, os alemães, cansados de sustentar a frágil economia suína, estão ameaçando expulsar a Grécia da Zona do Euro ou, como último recurso, ela mesma tirar o time de campo e ressucitar o robusto marco alemão.